Recife é uma coisa engraçada. Tem gente que vive em Recife, tem gente que mora em Recife, tem Recifenses, e pernambucanos.
Entre esses, que são muitos, tem gente que nunca vai sentir a cidade, e tem gente que ao primeiro respiro lá, já a sentirá. O meu Recife é a grande Recife, é Jaboatão, é Olinda, é a Conde da Boa Vista de noite, cheia de vendedores de DVD pirata, é o calor nos engarrafamentos ao meio dia.
É onde ia desde pequeno, passar as férias na casa de Tio Louro, foi onde brinquei os primeiros carnavais, e foi onde muitos de meus sobrinhos cresceram. Creio que Recife é a única cidade grande que eu gosto. Mas por mais que escreva, nunca vou conseguir por no papel o que sinto por Recife. Não sou poeta, muito menos escritor, romancista ou coisa que o valha. Marisa Monte talvez tenha conseguido alguma coisa nesse sentido ao escrever a música Pernambucobucolismo, e ainda assim, o sentimento dela é diferente do meu, que é diferente do de um Recifense… Eu sei, isso acontece o tempo todo, para todas as pessoas, em todos os lugares.
Mas as vezes, só as vezes, dá pena de quem passou por lá, e não aspirou a cidade, com tudo que ela tem, de bom e de ruim…