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Poder Judiciário: a ponta de lança da luta de classes – 09/03/2018

A edição de março de 2018 da Revista Le Monde Diplomatique trás a seguinte reportagem de capa:
O papel do Judiciário na canalização das disputas e a crença disseminada de que os tribunais são capazes, em algum grau, de aplicar a lei tal como ela está formulada fazem nascer uma sensação de abandono quando deparamos com uma situação de arbitrariedade judicial indisfarçada. A quem vamos recorrer, quando até a Justiça é injusta?


O golpe de 2016 representou um duríssimo revés na percepção até então dominante de que a democracia brasileira, mesmo com todos os seus problemas e aos trancos e barrancos, caminhava para sua “consolidação”. Não foi apenas porque as classes dominantes abandonaram o respeito às regras do jogo e decidiram virar a mesa quando perceberam que, novamente, eram incapazes de impor seus preferidos por meio da eleição popular. O impeachment ilegal da presidenta Dilma Rousseff e o acelerado retrocesso em direitos e liberdades que se segue a ele mostram que as instituições não só não cumpriram seu papel de proteger a ordem constitucional e a democracia, como também participaram ativamente de sua subversão.

O que a onda global de desdemocratização e os golpes brandos ocorridos principalmente na América Latina vêm revelando é que o ordenamento político da democracia liberal pode ser usado para impedir o progresso social, bloquear as demandas por igualdade e, embora mantendo uma aparência de normalidade, despir os mecanismos democráticos de qualquer efetividade a que possam aspirar. No Brasil, chama atenção o protagonismo assumido pelo Poder Judiciário.

O papel do Judiciário na deflagração e convalidação do golpe político é perceptível para qualquer observador. Mas a ação cotidiana de juízes de todas as instâncias também corrobora o viés favorável aos grupos dominantes, como mostram as sentenças diferenciadas conforme a posição social dos acusados – por exemplo, a posse de uma pequena quantidade de droga ilegal pode levar a desenlaces completamente diferentes de acordo com a cor da pele e a classe social do portador. Em seu conjunto, o Poder Judiciário atua como avalista da desigualdade e das relações vigentes de dominação – o que corresponde, aliás, à posição do direito como “código da violência pública organizada”, como escreveu Poulantzas.

O que chama atenção do Brasil é que o Judiciário ocupa a posição de ponta de lança da luta de classes, cumprindo papel crucial na produção, aplicação e, em particular, legitimação das medidas que implicam retrocessos para a classe trabalhadora e outros grupos em posição subalterna. O que permitiu isso foram mudanças ocorridas nas últimas décadas e saudadas em geral como “avanços”.

Desde a promulgação da Constituição de 1988, observadores da política brasileira têm falado do crescente protagonismo do Poder Judiciário. A Carta constitucional garantiu prerrogativas estendidas e propiciou mudanças de comportamento dos agentes, levando aos fenômenos paralelos da “judicialização da política”, que faz as disputas passarem a ser resolvidas nos tribunais, e do “ativismo judiciário”, pelo qual o poder relativiza sua caracterização tradicional como “inerte”, avoca a si a iniciativa da ação e toma decisões que seriam do Legislativo ou do Executivo. Outra inovação da Constituição foi a enorme ampliação do âmbito de atuação do Ministério Público, órgão vinculado ao Poder Executivo, mas que cumpre funções judiciárias.

No período de ascensão democrática que se seguiu à promulgação da nova Constituição, esse alargamento dos poderes de juízes e procuradores foi, em geral, visto de forma positiva pelas correntes mais progressistas. A defesa de interesses coletivos e difusos, atribuída ao MP, prometia uma ampliação – necessária e urgente – da proteção a grupos oprimidos ou ao meio ambiente. As decisões tomadas no âmbito das cortes superiores podiam representar, por vezes, uma usurpação do poder de legislar, mas se mostravam mais avançadas do que aquelas advindas de um parlamento notoriamente corrompido e no qual era crescente a capacidade de chantagem de grupos fundamentalistas.

O Tribunal Superior Eleitoral introduziu regulações na disputa partidária (a chamada “verticalização” das coligações, depois revogada em 2002), no exercício parlamentar (a perda de mandato parlamentar por desfiliação, em 2007) e no funcionamento das cotas eleitorais para mulheres (com o entendimento de que o descumprimento da regra levaria à impugnação da lista partidária, em 2010) que se alinhavam ao ideal normativo da competição democrática compartilhado por liberais esclarecidos e por grande parte da esquerda brasileira. O Supremo Tribunal Federal estabeleceu direitos de minorias sexuais (reconhecimento da união civil homoafetiva, em 2011) e ampliou direitos reprodutivos (extensão do direito de aborto no caso de anencefalia fetal, em 2012), em sintonia com bandeiras progressistas. Sem discutir o mérito das decisões, elas com certeza extrapolam o que era a intenção original do legislador. Nenhuma delas teria passado no Poder Legislativo.

O desenvolvimento talvez mais surpreendente foi a aprovação em 2010, pelo próprio Congresso, de legislação que confere ao Judiciário um poder de veto na seleção de candidatos às eleições. A chamada Lei da Ficha Limpa, apresentada como iniciativa popular, apoiada pela quase unanimidade dos parlamentares e sancionada entusiasticamente pela Presidência da República, em meio a um verdadeiro clamor midiático, determinou a tutela do Judiciário sobre a soberania popular. Ainda assim, poucas vozes se ergueram contra ela.

Diante das dificuldades para elevar a educação política média dos brasileiros, a Ficha Limpa parecia um atalho seguro para a “moralização” do Estado. Trata-se de um elemento constante: o elogio da ação política do Poder Judiciário, no momento em que ela alavancava causas progressistas, é tingindo por uma percepção elitista (juristas capacitados podem decidir com mais competência) e pelo desânimo quanto à possibilidade de produzir uma opinião popular mais engajada e esclarecida.

Outra característica do Brasil é que o ativismo judiciário não é privilégio das cortes superiores. Até mesmo juízes de primeira instância podem tomar decisões de enorme repercussão coletiva – os casos de bloqueio de aplicativos de smartphones com milhões de usuários servem de exemplo. Na crise política brasileira, o juiz paranaense Sérgio Moro ocupou posição central ao liderar a Operação Lava Jato. Embora a justificativa para o impeachment nada tivesse a ver com a operação, apoiando-se em operações de crédito junto a bancos estatais (as chamadas “pedaladas fiscais”), ela foi instrumental para criar o clima de opinião que sustentou a derrubada do governo. Declaradamente inspirado na operação italiana Mãos Limpas, Moro julga que é importante dar grande visibilidade midiática e obter o “apoio da opinião pública” ao combate à corrupção.

A Lava Jato revelou parte da corrupção sistêmica da política brasileira por meio de operações espetaculares que, no entanto, atingiram de forma muito desproporcional o PT e seus aliados. Seu modus operandi privilegiado, a “delação premiada”, dá grande margem a que o agente da lei oriente o curso da investigação. Muitas vezes, seus resultados dependem da desobediência ao devido processo legal e de formas de intimidação contra testemunhas e suspeitos.

Não custa lembrar que Moro é o tradutor do artigo de um juiz norte-americano que ensina como coagir acusados para que denunciem seus cúmplices.1 Em vários momentos, sua atuação se mostrou claramente casada com o cronograma da derrubada da presidenta Dilma, culminando na divulgação do áudio de uma escuta telefônica ilegal, com uma conversa entre ela e Lula. Embora o juiz tenha sido obrigado a um envergonhado pedido de desculpas e ao reconhecimento de que a divulgação da conversa fora “equivocada”, ele continuou chefiando a operação. Atualmente, como se sabe, Moro e o tribunal de recursos ao qual sua vara está vinculada, o TRF-4, são instrumentais no impedimento à candidatura presidencial do ex-presidente Lula, que é outro importante passo no esvaziamento do que restava de esperança de respeito ao princípio básico da democracia liberal – a consulta ao povo para a escolha dos governantes.

Como um juiz de primeira instância foi capaz de acumular tamanho poder? A resposta se vincula tanto às peculiaridades da organização do Poder Judiciário no Brasil a partir da Constituição de 1988 quanto à bem-sucedida ofensiva do juiz Sérgio Moro junto à opinião pública, orquestrada com os meios de comunicação hegemônicos. Moro se tornou o emblema vivo do combate à corrupção e, portanto, intocável. As muitas arbitrariedades que cometeu ao longo do processo foram quase sempre abafadas após exposição mínima, e denúncias de graves irregularidades que o chamuscavam, como aquelas que transparecem no depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, foram simplesmente deixadas de lado.

A pergunta mais importante, porém, é outra: por que as instâncias superiores do Judiciário não intervieram diante de abusos tão patentes nas investigações? Questão intrigante, sobretudo quando se lembra que, dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal no período da derrubada de Dilma, oito tinham sido nomeados por ela ou por Lula. Qualquer explicação deve levar em conta que o STF não ficou imune ao clima de opinião formado a partir da Lava Jato – e a vulnerabilidade aumentada à pressão da “opinião pública” e da mídia é uma das características do Judiciário ativista. E também que os governos petistas não foram capazes de apresentar indicações para o Supremo que estivessem à margem do establishment jurídico e político. Pelo contrário, optaram quase sempre por demonstrar moderação, preferindo juristas conservadores e com trânsito nos partidos de direita. Também aqui a política de conciliação cobrou seu preço.

É preciso ponderar, porém, que se trata de uma situação difícil, não algo que se pudesse resolver por um mero ato de vontade do ocupante da Presidência da República. Por um lado, a indicação de juristas abertamente comprometidos com as causas populares seria encarada como rompimento do pacto que permitia a permanência do PT no poder e a implantação de políticas tímidas (mas mesmo assim importantes) de resgate da dívida social. A atuação do Supremo como avalista dos retrocessos é um indício, entre muitos outros, de que as condições de manutenção desse pacto foram erodidas. Essa é a ficha que falta cair para parcela da esquerda brasileira.

Por outro lado, o campo jurídico possui seus próprios filtros e mecanismos internos para forçar a adaptação às posições mais conformistas, mormente quando se alcançam funções de mais prestígio, poder e visibilidade. Como em outros campos (o jornalismo serve de exemplo), o conservadorismo transita como “imparcialidade”, mas visões críticas e comprometidas com a justiça social aparecem como sectárias, dificultando, portanto, a ascensão na carreira. Certamente há juízes progressistas, mas estão em situação parecida à de oficiais militares progressistas nos anos 1960. As iniciativas do Conselho Nacional de Justiça com vistas à perseguição de dissidentes ainda têm encontrado resistência, mas mostram que, na conjuntura aberta com o golpe, é possível que o Poder Judiciário se torne ainda menos arejado.

No início deste ano, dois eventos dissimilares apontaram para mudanças no cenário. Um deles foi a exposição, pela mídia hegemônica, de vantagens imorais auferidas por grande parte dos juízes, incluído aí o próprio Sérgio Moro, em particular um “auxílio-moradia” dado a quem evidentemente não precisa dele. Ao que parece, setores da coalizão golpista decidiram indicar ao Judiciário que ele não é intocável. O outro foi o anúncio, pelo ocupante da Presidência, da intervenção federal no Rio de Janeiro, que concede peso e visibilidade a um ator que, até agora, era mantido à sombra: as Forças Armadas.

Quaisquer que sejam as mudanças a que levem as disputas internas entre os grupos que deram o golpe em 2016, é ilusório pensar que o Judiciário pode ser um agente do retorno à democracia. Recursos ao STF, como ocorreram quando da deposição de Dilma e ocorrem agora com a condenação de Lula, cumprem muito mais um papel de denúncia, já que a corte demonstrou mais de uma vez seu desprezo pela legalidade fraturada.

É uma situação dramática porque, se a lei é um código da violência do Estado, como diz a citação de Poulantzas referida antes, ela também organiza, inibe e torna predizível essa violência. Sua imparcialidade ostensiva e os valores civilizatórios que ela tem de aparentar encarnar são concessões arrancadas pela luta dos grupos dominados. Também podem ser usados contra os dominantes e constrangem o exercício arbitrário do poder. O império da lei não é a garantia de uma sociedade justa, já que a lei reflete a correlação de forças dentro dessa sociedade. Mas a ruptura do sistema legal, que permite à dominação social se exibir em toda a sua nudez, retira dos mais frágeis as garantias que eles foram capazes de obter.

Quando a discricionariedade extralegal do sistema judicial, que nunca deixou de operar em prejuízo das populações mais pobres e periféricas, atinge o coração do sistema político, a democracia liberal entra em colapso. Significa que a ordem instituída não permite mais sequer que suas próprias promessas sejam mobilizadas para conter sua violência. Significa que a pressão dos dominados, que era aceita, desde que controlada, como parte do jogo, agora deve ser extirpada.

O papel do Judiciário na canalização das disputas e a crença disseminada de que os tribunais são capazes, em algum grau, de aplicar a lei tal como ela está formulada fazem nascer uma sensação de abandono quando deparamos com uma situação de arbitrariedade judicial indisfarçada. A quem vamos recorrer, quando até a Justiça é injusta? É a realidade de um país que passou de uma democracia formal, limitada, para uma democracia menos que formal, cujas instituições não se preocupam mais em disfarçar sua tendenciosidade em favor dos poderosos.

Como instituição política que é, o Poder Judiciário é sensível à correlação de forças na sociedade. É a resistência contra os retrocessos, o aumento na mobilização social, o protesto contra as arbitrariedades e a desobediência civil que podem restaurar o funcionamento mínimo de uma justiça burguesa que, ainda que sem perder o qualificativo “burguesa”, possa aspirar ao nome de “justiça”.

 

Por Luis Felipe Miguel no Le Monde Diplomatique Brasil.

Luis Felipe Miguel é professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília.

“Home” por Warsan Shire.

Laith Majid chora de alegria e alívio ao terminar são e salvo com seus filhos a travessia pelo mar até a Europa. Fotografia por Daniet Etter/New York Times/Redux /eyevine.

Laith Majid chora de alegria e alívio ao terminar são e salvo com seus filhos a travessia pelo mar até a Europa. Fotografia por Daniet Etter/New York Times/Redux /eyevine.

HOME

no one leaves home unless
home is the mouth of a shark
you only run for the border
when you see the whole city running as well

your neighbors running faster than you
breath bloody in their throats
the boy you went to school with
who kissed you dizzy behind the old tin factory
is holding a gun bigger than his body
you only leave home
when home won’t let you stay.

no one leaves home unless home chases you
fire under feet
hot blood in your belly
it’s not something you ever thought of doing
until the blade burnt threats into
your neck
and even then you carried the anthem under
your breath
only tearing up your passport in an airport toilets
sobbing as each mouthful of paper
made it clear that you wouldn’t be going back.

you have to understand,
that no one puts their children in a boat
unless the water is safer than the land
no one burns their palms
under trains
beneath carriages
no one spends days and nights in the stomach of a truck
feeding on newspaper unless the miles travelled
means something more than journey.
no one crawls under fences
no one wants to be beaten
pitied

no one chooses refugee camps
or strip searches where your
body is left aching
or prison,
because prison is safer
than a city of fire
and one prison guard
in the night
is better than a truckload
of men who look like your father
no one could take it
no one could stomach it
no one skin would be tough enough

the
go home blacks
refugees
dirty immigrants
asylum seekers
sucking our country dry
niggers with their hands out
they smell strange
savage
messed up their country and now they want
to mess ours up
how do the words
the dirty looks
roll off your backs
maybe because the blow is softer
than a limb torn off

or the words are more tender
than fourteen men between
your legs
or the insults are easier
to swallow
than rubble
than bone
than your child body
in pieces.
i want to go home,
but home is the mouth of a shark
home is the barrel of the gun
and no one would leave home
unless home chased you to the shore
unless home told you
to quicken your legs
leave your clothes behind
crawl through the desert
wade through the oceans
drown
save
be hunger
beg
forget pride
your survival is more important

no one leaves home until home is a sweaty voice in your ear
saying-
leave,
run away from me now
i dont know what i’ve become
but i know that anywhere
is safer than here

Warsan Shire é poeta, escritora e educadora. Descendente de refugiados Somalis, nascida em 1988 no Kenya, cujos pais depois imigraram para a Inglaterra, hoje vive em Londres.

 

PS: Os grifos no poema são meus.

A felicidade no mundo…

Outro dia pus no grupo de minha família uma foto que achei legal, a foto era essa ai de baixo, e mostra um mapa do mundo baseado em um índice de felicidade…

The Happiness scale

The Happiness scale

Eu coloquei a foto, só por achar legal ver que o Brasil era um país feliz… Sem muitas pretensões. Na verdade ainda fiquei com vontade de fazer uma pequena piada com a Finlândia que se supõe ser um país ótimo, e não obstante, seguindo o tal mapa, seria um país triste… Então seria melhor morar no Brasil, onde “está tudo errado” chegar em casa e ser feliz, do que morar na Finlândia, onde “está tudo maravilhoso”, chegar em casa e ser triste… Uma piada boba, enfim…

No grupo eu recebi a resposta:

“Pelo mapa o povo mais feliz do mundo está na Venezuela?
A Espanha está tristinha ou tá feliz?
Perdeu a credibilidade.
Mas é bom para mandar pros americanos.”

Creio que a menção a Venezuela, e a perda de credibilidade, seria porque deveríamos supor que é improvável ser feliz lá. Tanto quanto é improvável que eles sejam um povo feliz. Eu acho que essa idéia, ou opinião, vem das animosidades que se formaram no Brasil de uns tempos para cá, em torno de ideias um pouco tortas sobre governos, política, e por ai vai…

A figura, é uma parte de um gráfico maior, encontrado no Blog do Fórum Econômico Mundial, sem maiores intenções políticas, creio eu, no entanto sobre as preocupações acerca da Venezuela, eu faria algumas observações não políticas… Ou quase… Por exemplo, a Índia…

A Índia é um país com 1,2 bilhões de pessoas, onde 80% dessa população é Hindu, a sociedade está dividida por castas, dentre essas castas existe uma chamada Dalit. Dentre os Dalits, que são mais ou menos 180 milhões de pessoas, existem aqueles que nasceram para limpar excrementos, em números são mais de 1 milhão de pessoas. Agora veja só, a Índia é um país verde, ou seja, feliz. Isso quer dizer que dentre esses mais de 1 milhão de pessoas, que “nasceram predestinados” a limpar cocô, existe alguém feliz, claro, existirão os revoltados, os infelizes, os conformados, existirá de tudo, e eu tenho muitas esperanças que esses últimos sejam maioria, mas se existe de tudo, vão existir os felizes também, e a simples possibilidade, da existência de alguém que “nasceu pra limpar cocô” ser feliz, me exaspera. A existência dessa pessoa deveria significar que 99% do resto do planeta não tem motivos suficientes para ser infeliz. A Índia ser um país verde, me preocupa…

Venhamos mais pro “ocidente” e vejamos a África. A África não foge as expectativas, e é quase toda vermelhinha… Ou seja, infeliz… Não obstante, existe um país verdinho por ali, norte da África, chamado Marrocos. Agora bem, o Marrocos é um país de religião muçulmana, de tradição conservadora e patriarcal, pode-se até mesmo dizer, machista.

Existe uma lei no Marrocos, que serve para “proteger” as meninas e/ou mulheres indefesas, e poupar as famílias da “vergonha” da filha perder a “honra”, onde um amante, sequestrador ou estuprador que se aproveite da moça, caso resolva casar-se com ela posteriormente, se isenta do crime. É notável a boa intenção desse parágrafo do artigo 475 do código penal marroquino, que queria proteger as moças que queriam manter relações antes do matrimônio, caso fossem descobertas, obrigava o rapaz a casar-se com elas. O problema é que esse mesmo artigo passou a ser usado por estupradores, como já foi dito, para se livrarem do crime depois de cometido, esse matrimônio é incentivado pelas famílias das vítimas e pelos juízes responsáveis, essa situação chegou a causar a morte por suicidio de pelo menos uma garota, porque o estuprador além de casar-se, passou a maltratá-la… É como se as mulheres fossem cidadãs de segunda classe, apenas um pouco melhor que os Dalits na Índia…

Agora levando em consideração que em um país a proporção entre homens e mulheres será mais ou menos a mesma, 50% com alguma variação pra mais ou pra menos, e que o país só será verde, ou “feliz”, se tem mais de 50% da população que se diz feliz, existem mulheres no Marrocos que estão felizes com isso!!! De novo, a simples possibilidade da existência dessas mulheres, felizes nessa situação, me dá calafrios… E novamente, a existência dessas mulheres, deveria fazer com que o resto das mulheres do mundo sejam todas felizes! Inclusive aquele 1% que era infeliz mesmo sem ser uma Dalit! O Marrocos ser verde me preocupa…

Voltamos então à Venezuela… Eu não sei quais os critérios usados para a elaboração do mapa. Mas acredito que há menos haver com política, ou religião, e mais com como a população do país se vê, e quanto a isso não se pode fazer nada, o país pode até mesmo estar em guerra, e a população estar, ou se dizer, feliz, apesar da improbabilidade de isso acontecer, não seria impossível. De forma que, não importa que eu ache que um Dalit, ou uma marroquina não possam ser felizes, porque efetivamente, eles podem. Todos os lugares têm coisas boas e ruins, para mim a felicidade traduzida no mapa, diz que o povo de determinado lugar é feliz, apesar das coisas ruins que ali existem, nisso, meu julgamento não pode influenciar. De forma que eu fico satisfeito pelos Dalits e marroquinas felizes, e prometo não julgá-los. =)

E por fim, fico muito orgulhoso da America Latina e Central, que quase como um todo, ocupam as primeiras colocações nos índices de felicidade, isso pra mim, quer dizer que apesar de todos os problemas existentes, o povo desses lugares é feliz, e sinceramente, eu acho bastante plausível, porque preferiria ser Guatemalteco do que Dalit.

1 – Costa Rica.

2 – Vietnam.

3 – Colombia.

4 – Belize.

5 – El Salvador.

6 – Jamaica.

7 – Panama.

8 – Nicaragua.

9 – Venezuela.

10 – Guatemala.

PS1: No Blog do Forum Economico, existe a classificação de alguns outros países, o Brasil está na 21ª colocação.

PS2: Alguém diria que o Vietnam é o segundo país em índice de felicidade no mundo???? Pois é, nem eu!! kkkkkk

PS3: No blog oficial também existem comentários (em inglês) sobre outros países que as pessoas consideram que deveriam ser “infelizes” pelos mais diversos motivos, e não obstante são “felizes”…

Feliz día de la raza.

Eduardo Galeano e o

Eduardo Galeano e o “Día de la Hispanidad”.

 

Deve ser por isso que eu gosto… De andar nu, adorar o sol, a lua, a terra e a chuva. E não sentir culpa… O “não sentir culpa”, eu achava que era sociopatia, mas é bem melhor dizer que tem a ver com minhas raízes indígenas mesmo… =D kkkkkkk

Ya poca Palestina queda. Paso a paso, Israel la está borrando del mapa. Por Eduardo Galeano.

Desde 1948, los palestinos viven condenados a humillación perpetua. No pueden ni respirar sin permiso. Han perdido su patria, sus tierras, su agua, su libertad, su todo. Ni siquiera tienen derecho a elegir sus gobernantes Eduardo Galeano, escritor latinoamericano.

Para justificarse, el terrorismo de Estado fabrica terroristas: siembra odio y cosecha coartadas. Todo indica que esta carnicería de Gaza, que según sus autores quiere acabar con los terroristas, logrará multiplicarlos.

Desde 1948, los palestinos viven condenados a humillación perpetua. No pueden ni respirar sin permiso. Han perdido su patria, sus tierras, su agua, su libertad, su todo. Ni siquiera tienen derecho a elegir sus gobernantes. Cuando votan a quien no deben votar, son castigados. Gaza está siendo castigada. Se convirtió en una ratonera sin salida, desde que Hamas ganó limpiamente las elecciones en el año 2006. Algo parecido había ocurrido en 1932, cuando el Partido Comunista triunfó en las elecciones de El Salvador.

Bañados en sangre, los salvadoreños expiaron su mala conducta y desde entonces vivieron sometidos a dictaduras militares. La democracia es un lujo que no todos merecen. Son hijos de la impotencia los cohetes caseros que los militantes de Hamas, acorralados en Gaza, disparan con chambona puntería sobre las tierras que habían sido palestinas y que la ocupación israelí usurpó. Y la desesperación, a la orilla de la locura suicida, es la madre de las bravatas que niegan el derecho a la existencia de Israel, gritos sin ninguna eficacia, mientras la muy eficaz guerra de exterminio está negando, desde hace años, el derecho a la existencia de Palestina. Ya poca Palestina queda. Paso a paso, Israel la está borrando del mapa.

Los colonos invaden, y tras ellos los soldados van corrigiendo la frontera. Las balas sacralizan el despojo, en legítima defensa. No hay guerra agresiva que no diga ser guerra defensiva. Hitler invadió Polonia para evitar que Polonia invadiera Alemania. Bush invadió Irak para evitar que Irak invadiera el mundo. En cada una de sus guerras defensivas, Israel se ha tragado otro pedazo de Palestina, y los almuerzos siguen. La devoración se justifica por los títulos de propiedad que la Biblia otorgó, por los dos mil años de persecución que el pueblo judío sufrió, y por el pánico que generan los palestinos al acecho. Israel es el país que jamás cumple las recomendaciones ni las resoluciones de las Naciones Unidas, el que nunca acata las sentencias de los tribunales internacionales, el que se burla de las leyes internacionales, y es también el único país que ha legalizado la tortura de prisioneros. ¿Quién le regaló el derecho de negar todos los derechos? ¿De dónde viene la impunidad con que Israel está ejecutando la matanza de Gaza? El gobierno español no hubiera podido bombardear impunemente al País Vasco para acabar con ETA, ni el gobierno británico hubiera podido arrasar Irlanda para liquidar a IRA. ¿Acaso la tragedia del Holocausto implica una póliza de eterna impunidad? ¿O esa luz verde proviene de la potencia mandamás que tiene en Israel al más incondicional de sus vasallos? El ejército israelí, el más moderno y sofisticado del mundo, sabe a quién mata. No mata por error. Mata por horror. Las víctimas civiles se llaman daños colaterales, según el diccionario de otras guerras imperiales.

En Gaza, de cada diez daños colaterales, tres son niños. Y suman miles los mutilados, víctimas de la tecnología del descuartizamiento humano, que la industria militar está ensayando exitosamente en esta operación de limpieza étnica. Y como siempre, siempre lo mismo: en Gaza, cien a uno. Por cada cien palestinos muertos, un israelí. Gente peligrosa, advierte el otro bombardeo, a cargo de los medios masivos de manipulación, que nos invitan a creer que una vida israelí vale tanto como cien vidas palestinas. Y esos medios también nos invitan a creer que son humanitarias las doscientas bombas atómicas de Israel, y que una potencia nuclear llamada Irán fue la que aniquiló Hiroshima y Nagasaki.

La llamada comunidad internacional, ¿existe? ¿Es algo más que un club de mercaderes, banqueros y guerreros? ¿Es algo más que el nombre artístico que los Estados Unidos se ponen cuando hacen teatro? Ante la tragedia de Gaza, la hipocresía mundial se luce una vez más. Como siempre, la indiferencia, los discursos vacíos, las declaraciones huecas, las declamaciones altisonantes, las posturas ambiguas, rinden tributo a la sagrada impunidad. Ante la tragedia de Gaza, los países árabes se lavan las manos. Como siempre. Y como siempre, los países europeos se frotan las manos.

La vieja Europa, tan capaz de belleza y de perversidad, derrama alguna que otra lágrima mientras secretamente celebra esta jugada maestra. Porque la cacería de judíos fue siempre una costumbre europea, pero desde hace medio siglo esa deuda histórica está siendo cobrada a los palestinos, que también son semitas y que nunca fueron, ni son, antisemitas. Ellos están pagando, en sangre contante y sonante, una cuenta ajena. (Este artículo está dedicado a mis amigos judíos asesinados por las dictaduras latinoamericanas que Israel asesoró.)

http://www.telesurtv.net/articulos/2012/11/24/eduardo-galeano-ya-poca-palestina-queda.-paso-a-paso-israel-la-esta-borrando-del-mapa-2284.html

6º Festival Internacional de las Artes de Castilla y León.

Tudo bem, tudo bem, ao mesmo tempo em que acontece o Maior São João do Mundo, acontece também o 6º Festival Internacional de las Artes de Castilla y León. No ano que passou, teve um ciclo de cinema brasileiro, exibindo “Vidas Secas” e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, uma pena que o bom cinema brasileiro se assista na Espanha, numa cidadezinha de 200 mil habitantes. Fico imaginando qual  ciclo de cinema que está havendo esse ano. Enquanto me contento com as pérolas poéticas de Aviões do Forró, como as descritas no texto abaixo sobre a abertura do São João.

Nada contra nada, mas veja só, com um ano de Salamanca, não vi nenhum espetáculo de Reggaeton na cidade, e veja só que Reggaeton, é algo assim como um forró deles. E Salamanca, com certeza, a cidade onde deveriam haver os espetáculos… Enfim, cada um com a cultura que merece.

Festival Internacional de las Artes de Castilla y Leon

Festival Internacional de las Artes de Castilla y Leon

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