Categoria: Impressões (Page 3 of 3)

Quase uma viagem, ou uma "quase viagem"?

Semana passada foi uma semana atípica. Segunda-feira, aniversário de Newton, um catarinense que conhecemos aqui andando pelo comedor, amigo de um Pernambucano, chamado Ranngner… Tudo muito estranho não?! Terça-feira, aniversário da delegada Aureci… Entre coisas e coisas a aprontar, aniversários…
Eis que na quarta-feira, Thiago chega com a novidade, ganhei ingressos para o show do U2!!!! Pois muito bem, quando é o show? Amanhã! Que massa!!! Onde vai ser? Hummm… Em Barcelona…

Tinhamos ingressos suficientes para os três, Sabrinna tambem iria, e ainda sobrava o ingresso de Manuela, que não podia ir por ter somente um mês de vida, ou Carmen, que não podia ir por ter que cuidar de Manuela, ou ainda Laerte, agora o último na fila da “moral em casa”, que tambem não podia por não estar em Barcelona no dia do espetáculo. Bom, ganhamos ingressos grátis para o show, que não haveriam de ser desperdiçados, porém, sempre tem um porém, teríamos que atravessar meia Espanha para poder usá-los.

Descobrimos um ônibus que saia na quarta a noite e chegava em Barcelona quinta pela manhã, que além de ser uma das únicas opções, tambem era a mais barata. Inviabilizou a minha idéia inicial que era sair pegando todo tipo de transporte e sair madrugada adentro viajando de trem pra ônibus e de ônibus pra trem, de cidade em cidade até chegar em Barcelona numa viagem muito maluca mas bem divertida, mas enfim… Ninguem pode ter tudo.

Finalmente quinta-feira, Barcelona, madrugada, o povo dormindo na rodoviária por algum motivo que desconheço, vamos andar, igreja da sagrada família, praça da igreja, praça de Gaudi, teatro nacional da Catalunha, e eu já adquiri a “coisa” castelhana de não gostar dos bascos e catalães, lembro-me do sul brasileiro e sua mania ridícula de querer ser melhor que o resto do país, não por acaso não tenho vontade de ir lá por ter coisa melhor para fazer com meu pouco dinheiro, coisa semelhante escutei dos castelhanos sobre a catalunha, e País Basco.

Chegamos a casa de Laerte, que havia acabado de se mudar, e fomos procurar guarida, que encontramos numa pensão de uma brasileira, enfim, hora do show que impressiona, não tanto pelas músicas, algumas que eles tocam há mais de vinte anos, e que já não tocam com a mesma disposição (normal, depois de tanto tempo), aproveitando que falo das músicas, não tocaram minhas duas favoritas os filhos duma égua irlandeses traidores da causa como disse Andrei, e nem são músicas tão antigas, na linha de tempo foi há dois albuns atrás, mas impressiona tanto mais pelos efeitos especiais, a começar pelo palco, realmente tudo muito impressionante, até o povo, que não bebe no show, e eu pensando que ia tomar uma grande, saimos e fomos pegar o metrô em direção a casa.

Sexta-feira, depois de acordarmos ao meio dia, fomos fazer turismo claro, e depois ao montjuic, cheio de museus, e nós sem tempo de vê-los, pois compramos entradas para ver a Bela e a Fera, da Di$ney, montado por alguma companhia da Broadway, ora, num dia “quase música”, no outro, “quase teatro”, era uma “quase viagem”? Depois fomos a casa de Laerte e logo a uma praça muito agradável, e ficamos conversando sobre a vida regada a cerveja vendida pelos trabalhadores autônomos locais, muito agradável, até chegar a polícia nos expulsando. =))

Bom, chega sábado e último dia de viagem, fomos a casa de Gaudi, que fica num lugar muito bonito, fomos ver o calango de mosaico de Gaudi, e quase vamos ao primeiro espatáculo realmente válido da viagem, O Lago dos Cisnes executado pelo Ballet Imperial Russo. Iamos, nos atrasamos, e não chegamos a tempo, Sabrinna acabou ficando para conferir a outra sessão, nós voltamos para casa de Laerte e ficamos a conversar e velar o sono sagrado de Manuela durante o nosso resto de tempo em Barcelona, uma das melhores partes da viagem pra mim.

Abaixo alguns angulos pouco explorados da cidade, em viagens do gênero.

Moradias vistas por tras.

Amanhecer.

Trabalhadores autônomos locais.

Trabalhadores autônomos locais.

Habitante da catalunha.

Habitante da catalunha.

O lixo!!

Claro que foi proposital falar do lixo depois de falar dos centros comerciais!!!! =)
Bom, há duas coisas aqui em todas, ou quase todas as ruas, sempre há mercadinhos (as vezes dois ou tres, de diferentes redes) e lixeiras.

As Lixeiras podem ser separadas, para reciclegem, azuis para papel, amarelas para plástico e verdes para vidro. Ou únicas para tudo, as cinzas. Voçê recolhe o lixo em casa, decidindo assim se vai ou não fazer a coleta seletiva. De qualquer modo, sempre há uma seleção (mesmo que voçê não a faça), pois a grande maioria do lixo aqui é reciclado.

Bom, é legal… Para  isso acredito eu que deva haver uma educação desde cedo, conscientizando cada um a tomar conta de seu próprio lixo. Se funciona ou não, aliás, se existe ou não, e se funciona ou não, fica a cargo deles aqui.

Eu achei bem bacana. Tanto não ter que usar um carro para ir fazer compras, como tomar conta do próprio lixo. Como não há zeladores (escravos) na grande maioria dos prédios (todos os prédios??), todo mundo é forçado a sair de casa, e exibir seus respectivos lixos por ai!! =)) Será que dá realmente pra conhecer alguem pelo lixo?

Lixeiras

Lixeiras

Os Shopping Centers…

Bom, os centros comerciais, como são chamados aqui, são diferentes (claro né dãã!!!), em Salamanca, depois de ter passado rapidamente por Braga e Vigo, vi um que se assemelha mais aos que conhecemos no Brasil, no entanto há uma rede, El Corte Inglés, parecido com o que seria a rede Iguatemi no Brasil, o de Salamanca está sendo construído.

É diferente porque se anda na rua, então por exemplo, cinemas, ainda há cinemas na rua, com muitas salas claro (não me animei a ir em cinemas aqui pois todos os filmes são dublados em espanhol, assim como tudo mais, fazendo assim com que os espanhois sejam os mais monolíngües da União Européia), os cinemas das ruas, se adaptaram a essa história das salas de cinema, mas de forma geral, se anda. Então podendo ir ao “centro”, saindo de casa, andando, ou a qualquer outro lugar, não é necessário ir ao shopping center, ou centro comercial, com o objetivo de fazer coisas que antigamente  fazia-se nas ruas, e não mais se faz por falta de segurança.

De forma que, nos shoppings brasileiros, há tudo, cinemas, roupas, brinquedos, comida, e se vai ao shopping como em busca de um espaço seguro para passar um tempo que antes, mesmo no Brasil, se passava na rua. E os shoppings a isso se propõe. Ocupar esse espaço na vida social, provendo um espaço comum com segurança suficiente para aqueles que em seu ambiente vão procurar qualquer coisa. Dando largos espaços de caminhada, e opções de lazer.

Aqui não, no El Corte Inglés mesmo (segundo Laerte, não cheguei a entrar em um), os espaços de caminhada são mais estreitos e há mais lojas específicas (roupas), sem espaço de lazer, geralmente quem vai, vai já sabendo o que se quer e não passar o tempo que poderia passar no parque por exemplo. As calçadas aqui são bem largas e há muita gente nas ruas, de forma que se fazem coisas bem diferentes, no Brasil shoppings com largos espaços de andar, e espaços de lazer, aqui espaços mais estreitos, sem lazer. Claro, há exceções, e são muitas, e na verdade não sei se essa é a regra aqui, ou a exeção, mas não deixa de ser interessante. E eu adoro andar, sempre gostei, abaixo a ditadura dos carros!! =)

Faca na caveira.

Terça-feira fui a uma apresentação de Tropa de Elite no Instituto de Estudos Iberoamericanos da Universidade de Salamanca, na verdade era uma aula do mestrado de Ciências Políticas da USAL, em que de 2 em 2 semanas se assiste a um filme latino americano de cunho político / social e se fazem posteriores discussões, bem lógico que só há alunos latino americanos na sala (ninguém do Brasil, afinal, pra que se preocupar com besteiras de cunho social, quando a venda da Vale é muito mais importante).

Já havia visto o filme, engraçado como a galera de outros paises (também latino americanos, também com seus problemas sociais crônicos) não enxergaram o que muitas pessoas enxergaram no Brasil, parece que se viu o filme com muito mais senso crítico talvez, talvez os alunos do mestrado tenham mais senso… Havia um cientista político da Universidade Federal de Pernambuco apresentando o filme junto a uma professora da USAL, e na verdade, críticas a parte, me chamaram a atenção duas perguntas em particular: Primeiro a de um rapaz, que perguntou se quando o traficante viu a tatuagem no braço do policial ferido, se assustou e saiu da cena do crime, não havia um certo exagero cinematográfico, pois em seu país, quando se matam policiais, isso não ocorre; logo em seguida a de uma menina, que perguntou, se o sistema é todo corrupto, a que se propõe na realidade o Bope?

Bom, a segunda questão, o cientista político respondeu muito bem, o Bope existe como um grupo para-militar de extermínio para proporcionar uma certa ilusão de segurança a elite carioca ( o “para-militar de extermínio” é por minha conta, ficou bonito, não ficou?? =)), bom, quanto a segunda pergunta, se há ou não o exagero, eu mesmo não sei dizer, o que sei é que quando se morre um policial no Brasil, com Bope ou sem Bope, também não acontece nada de extraordinário, mas o filme não mostra isso, mostra o que seria a realidade do Bope…

Pra quem não viu, vale a pena, se não morar no Brasil talvez entenda melhor o filme… hehehehehehe
Ai vai o trailler.

Comedor, hora de almoçar…

Bom, esse dai é o “comedor”, no Brasil ele é conhecido como R.U., aqui é um pouquinho melhor só… =)
É ai que almoçamos todos os dias, é boa a comida, sempre tem 3 pratos, 2 pra abrir, geralmente uma salada e outra coisa (lentilhas, alubias, outro grão qualquer), 2 pra acompanhar (paella (um arroz carreteiro com frutos do mar que eles fazem aqui), macarronada, etc), 2 carnes (geralmente um peixe e carne de porco ou frango). Uma fruta, um iorgute ou salada de frutas, e pão, se come pão toda hora, e água, ou vinho ou água com gás pra beber. Então se escolhe 1 de cada prato, pega-se a fruta e a sobremesa de preferência, o pão, e a bebida que escolheu e pronto, isso é o almoço. Se for esperto, da pra levar o pão pra casa e comer no jantar, e o iorgute tambem pra tomar no outro dia no café… Sim, eu definitivamente sou brasileiro… hehehehehehehehe

Bom, não sei se deu pra entender, mas qualquer dúvida eu respondo nos comentários… =)

Comedor

Comedor

Ruas a noite…

Bom, esse post é apenas um teste pra aprender a colocar fotos no blog, lógico que como uma imagem vale mais que mil palavras as fotos são muito importantes, como estou aprendendo de acordo com o que vou usando, então vou colcocar uma foto que tirei mais ou menos quando cheguei, como observou muito bem Andrei em andanças, quando ele e Olívia vieram nos visitar, o céu de Castela é lindo… As ruas tambem…

Vale dizer, que como me cobrou (muito bem cobrado por sinal) Tuta, ele que me indicou Aureci, quando liguei pra ele doido, da casa de Laerte… hehehehehe, Como expliquei nos comentários, é que sempre escrevo bem depois dos acontecimentos, então as vezes passa batido, mas pode cobrar que eu ponho os créditos aqui viu!!!! Abração Tuta!!!!!

Rua de Noite

Calle Compañía

Lula na Espanha

Bom, como disse antes o Blog também servirá como lugar para escrever algumas impressões tidas daqui, e uma das primeiras foi quando estava na casa de Laerte, era aniversário de um amigo de Carmen, e saímos para a casa dele apenas eu e Laerte, lá chegando, era meu primeiro contato com o povo espanhol (a exclusão de Laerte e Carmen, já que a gente falava bastante português em casa), notei que o pessoal era bastante simpático, como fui devidamente paramentado com a camisa da Argentina, tínhamos assunto para a noite toda, como um Brasileiro pode torcer pra Argentina e etc… Porém isso não foi o que mais chamou minha atenção, bom, o povo de Braga era bastante simpático também, e essas coisas me chamam muito a atenção, pois tive repetidos avisos acerca da chatice do povo de Castela. O pessoal la parecia em comportamento muito com o pouco povo de Braga que tive contato. A festa se desenrolava de forma normal, e a certa altura (depois que alguns ml de álcool já haviam sido devidamente ingeridos por todos), eu já me comunicava perfeitamente!

E a despeito de Lula ter no Brasil a fama de ter decepcionado alguns por não ter quebrado alguns paradigmas neo liberais, aqui na Espanha ele goza de uma imagem simplesmente impressionante, além de ter uma imagem de estadista espetacular, cheguei a escutar (dentre outras coisas) que ele estava acabando com as favelas e levando todos os favelados para prédios de apartamento (nada haver com o Cingapura em)… Eu não estive aqui durante o governo de FHC, que sem dúvidas foi uma figura importante da história pátria recente, mas acho difícil que sobre ele tenha sido dito coisa semelhante.

Por aqui não há muito a noção da real violência que assola o Brasil, mesmo porque não há violência de forma geral como a conhecemos no Brasil, há não ser por pequenos furtos e invasões, não vejo nos jornais notícias sobre latrocínios e roubos, de forma que ao falar sobre favelas, apesar de se saber que é uma coisa ruim, aqui ainda tem-se a imagem da favela romantizada, do morro carioca, onde tantos sambistas foram buscar inspiração.

Newer posts »